quinta-feira, 25 de abril de 2013

CORONEL AMEAÇA BLOGUEIRO EM ARAIOSES-MA


Há exato um ano, o país acordava chocado com a notícia da morte do blogueiro e jornalista, Décio Sá. Um ano depois, o crime ainda não foi elucidado e a Ditadura da Censura à Imprensa continua a imperar no nosso Estado, ao mesmo tempo em que a impunidade faz com que novos censores surjam a cada dia com a certeza que jamais serão presos, ou condenados.


Quem acompanhou as notícias envolvendo a morte do jornalista e blogueiro, que ficou conhecido como Caso Décio Sá, lembra que desde o primeiro momento, o crime se desenrolou como uma história hollywoodiana, desde o assassinato, à apreensão do acusado do crime e dos supostos mandantes, passando pela denúncia de que um deputado, empresários e ex-prefeitos estariam envolvidos em um “consórcio” para assassinar o jornalista, o que resultou no indiciamento de 13 pessoas envolvidas.

Diferente de casos como o da Maria da Penha e da Carolina Dieckmann que viram seus processos virar leis (Lei 11.340/06 e Lei 12.737/2012 respectivamente) surgir com seus nomes, sem mesmo terem sido fatais (não que esperássemos que isso tivesse ocorrido, mas só para compararmos os casos), o assassinato de blogueiros como o Décio Sá e Amilton Alexandre, o mosquito, jornalista e blogueiro que foi encontrado morto após denunciar estupro que envolveu um membro da família Sirotsky, do grupo RBS - filial da Rede Globo em SC e RS, para não citar outros, tendem a cair no esquecimento sem que o caso seja solucionado e os acusados, condenados. Nos dois episódios vemos como os nossos representantes dos poderes legislativo e judiciário se empenham em criar leis para punir os personagens desprovidos economicamente de recursos e deixar impunes os mais abastados.

Por coincidência, ontem, 23/04, recebo a ligação de um colega de profissão, com quem tive o prazer de trabalhar no município de Araioses-Ma, entre 2010 e 2012, e que há meses não tinha contato, Marcio Maranhão, que hoje atua como blogueiro fazendo oposição ao atual governo. Após os primeiros minutos de conversa me vem à memória a história do Décio Sá e fico a imaginar que mais uma vez (espero que não) a história pode se repetir, sem que nenhuma providência seja tomada. Se na capital, um blogueiro do principal meio de comunicação do Estado foi assassinado e até hoje está impune, imaginemos alguém do interior do estado com população com menos de 50 mil pessoas e onde a lei do coronelismo ainda impera.

Em pouco mais de meia hora, o blogueiro Marcio Maranhão detalhou que há mais de dois meses vem recebendo ameaças anônimas, por conta de um blog apócrifo (www.itamagu.blogspot.com ), que o governo e seus aliados, lhe atribuem a autoria (fato contestado pelo meu amigo blogueiro). No mês passado ele foi perseguido quando voltava para casa, distante 5km da sede do município. Dois homens no interior de um veículo perseguiram a moto que ele pilotava, até aentrada do povoado. Sem sucesso, eles retornaram para a sede. No entanto, a onda de ameaças só cresceu nos últimos dias, pois o blogueiro não se mostrou intimidado e continua a divulgar notícias no seu site pessoal (www.marciomaranhao.com.br) ligadas a um processo movido pela ex-prefeita, Luciana Trinta, contra a atual prefeita, Valéria Leal, sobre abuso de poder econômico e captação ilícita de sufrágio (compra de votos). A audiência ocorreu ontem e hoje (23 e 24/4) no Fórum do Município com a presença de partidário dos oposicionistas e governistas que se amontoaram em frente ao Fórum. Durante a audiência, as testemunhas da Valéria, trataram de citar várias vezes o nome do Marcio Maranhão. No final da sessão da tarde do primeiro dia, o Manin, pai da prefeita, teria bradado para quem quisesse ouvir que iria “mandar dar uma surra” no blogueiro. O ex-prefeito de Santa Quitéria, e pai da prefeita de Araioses, Manin Leal, já teria espalhado pela cidade que reuniu vários documentos para processar o blogueiro, numa clara tentativa de o intimidar e cercear o seu direito de expressão.
Pelos anos que trabalhei com o Marcio Maranhão, conheço a sua índole, sua seriedade, sua responsabilidade, e a sua preocupação em fazer o melhor pelo povo e pela terra onde ele nasceu e que retornou após uma longa passagem pela capital do nosso país, aonde foi buscar formação profissional. E como profissional da comunicação me sinto também atingido, podado do meu direito de expressão, quando vejo que a imprensa vem sendo sistematicamente privada do seu direito de denunciar os abusos cometidos por governantes que não primam pelo bem estar de quem eles representam e dos bens públicos.

Peço a todos os amigos da imprensa que divulguem este meu desabafo, minha preocupação, e meu apelo para que não tenhamos daqui a um ano que lembrar a partida de mais um amigo da imprensa, que para além de ter o seu direito de expressão cerceado, ter sido calado em definitivo por quem se acha acima do bem e do mal para cometer crimes contra a vida e contra o patrimônio público.

Emerson Marinho

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